Monday, April 30, 2007

Integração

UMA INTEGRAÇÃO COM COR BRANCA



No dia 13 de Maio, pelas 18h, na FNC do Chiado, será apresentada a segunda edição do livro de Poesia Branco, de Hélder Reis, com edição da Fundação Manuel Leão. Seria uma apresentação livreira como todas as outras, não fosse o facto deste livro ser escrito em tinta e em Braille, assumindo-se, segundo o autor, como um projecto de integração, devido à falta de livros que possam ser consumidos por toda a sociedade.
Segundo Duarte Ribeiro, responsável pela edição, este é um livro não comercial, de integração sociocultural, sem fins lucrativos, e com um carácter livreiro profundamente inovador. O mesmo editor afirma que há uma responsabilidade social no facto de todos terem que contribuir para uma sociedade justa, equilibrada e integrada, e que as fundações têm um papel crucial nesta construção do bem comum. Afirma Duarte Ribeiro em conversa on line.

Portugal tem uma comunidade de 160 mil invisuais, e são ainda muitas as barreiras arquitectónicas e sociais que se revelam no panorama nacional, além de uma legislação de defesa da pessoa deficiente, que por ser extremamente recente, portaria publicada em Diário da Républica em Agosto de 2006, revela-se ainda com muito poucos frutos à vista. No entanto vale a pena ressalvar o facto de estar salvaguardada a igualdade de oportunidades através da criação de centros de novas oportunidades, e a necessidade da integridade da pessoa deficiente, bem como a punição da descriminação em caso de deficiência ou doença prolongada. Além da obrigatoriedade legislativa, também algumas entidades empresariais têm contribuido para a escrita da integração, tal como as facturas da telecom, as páginas amarelas e o Jornal de Noticias que são escritos, também, em Braille.

Branco pretende ser um livro de integração para pessoas como Pedro Lima, jovem invisual para quem a maior barreira arquitectónica é a própria sociedade, e apesar de ver o mundo de modo sorridente, acha que a lei actual defende muito pouco o deficiente. Nos e mails que Pedro Lima trocou comigo para este trabalho, afirmou de modo convicto que o que a pessoa deficiente precisa não é a caridade de ajudar a atravessar a passadeira, mas sim de deixar de olhar a pessoa deficente com preconceito. Acredito que esta opinião não é isolada no país!

Como curiosidade sobre a realidade da deficiência no nosso país, e como material de aprofundamento cultural e humano, sugiro a sua visita pelos seguintes sítios na internet: http://www.acapo.pt/ (associação de cegos e amblíopes portugueses) e http://www.ajudas.com/ (um sítio onde a integração e o esclarecimento são uma realidade). Uma ajuda para as igualdades, porque integrar diz respeito a todos.

3 comments:

Jorge Falcato said...

Desculpe(m) a intromissão.
Depois de uma busca na net verificamos que o seu (vosso) blogue tratou de questões relacionadas com a deficiência.
Como sabem o governo reduziu na lei do orçamento de 2007 benefícios fiscais a que as pessoas com deficiência tinham direito desde 1988.
Contra esta decisão surgiu o Movimento de Trabalhadores Portadores de Deficiência em Defesa dos Benefícios Fiscais.
A agradecíamos a divulgação da nossa luta por melhores condições de vida para as pessoas com deficiência.
Para mais informação é visitar o nosso blogue http://mtpb.blogspot.com
Obrigado

Unknown said...

Afinal é mesmo poeta e sensível à dor do próximo. Assim só podia ser poeta.

Parabéns pela iniciativa!

SOL da Esteva said...

Caro Helder

A Poesia move montanhas de corações, promove o improvável, recria a esperança.
Assim, a Vida pode ter sentido.

Abraço

SOL